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Botucatu

Médica que liderou ações da Unesp na pandemia recebe medalha Heleieth Saffioti

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Premiação foi concedida a Ludmila de Braga, coordenadora de Saúde e Segurança do Trabalhador e presidente do Comitê Unesp Covid-19

A médica Ludmila Candida de Braga, de 43 anos, é a primeira mulher a receber a medalha Heleieth Saffioti, premiação criada neste ano pela Unesp para homenagear mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da Universidade. Na cerimônia de entrega da honraria, a vice-reitora Maysa Furlan ainda anunciou o lançamento de um aplicativo voltado a ampliar a rede proteção às mulheres da comunidade universitária, o Unesp Mulheres.

Entregue no Dia Internacional da Mulher, a medalha Heleieth Saffioti reconheceu o notável trabalho da profissional de saúde que presidiu, e ainda preside, o Comitê Unesp Covid-19, grupo criado há cerca de dois anos para coordenar as ações da Universidade em resposta à pandemia de covid-19. Sob a liderança de Ludmila de Braga, o grupo incentivou a criação dos comitês locais e elaborou uma série de recomendações técnico-científicas que nortearam ações da gestão central e das 34 unidades universitárias, no sentido de reduzir os riscos de disseminação do vírus causador da doença (Sars-CoV-2) e de preservar a vida de todas as pessoas envolvidas com a Unesp.

Desde que foi incumbida da missão de presidir o comitê, em março de 2020, a médica mergulhou nos estudos envolvendo a complexa dinâmica da administração central da Universidade em suas mais variadas instâncias, e passou a acompanhar diariamente os dafdos epidemiológicos da covid-19 no país e no mundo. Na época, como chefe da Coordenadoria de Saúde e Segurança do Trabalhador (CSST), posto que ocupa desde o segundo semestre de 2018, Ludmila já acompanhava o desenrolar da doença desde os primeiros casos, registrados na cidade chinesa de Wuhan. Após a formação da força-tarefa, o trabalho só cresceu em intensidade, e ela chegou a inscrever-se para acompanhar a conferência de imprensa do secretário-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, com a pandemia recém-declarada.

“Parte da minha existência ganha significado com a experiência profissional que estou tendo a oportunidade de fazer agora”, disse a médica no auge da intensa rotina de trabalho na pandemia. “Olhar para a história da minha vida, estar neste lugar, tendo a oportunidade de me valer de tudo o que a universidade me deu, não só materialmente, mas em relação à minha formação, e poder usar isto em benefício da Unesp enquanto instituição… Olho e encontro muito significado neste trabalho”, afirmou. “Quando a gente olha para algo e diz que repetiria, significa que esta experiência no final das contas resultou em algo muito positivo.”

Para quem conhece mais de perto ou já trabalhou diretamente com Lud, ou “doutora Lud”, como a médica é chamada pelos corredores, sabe que a relação que mantém com a Unesp é quase umbilical. Iniciou-se aos 10 anos de idade, quando fraturou o colo do fêmur em uma brincadeira de criança na casa dos tios, que moravam em Botucatu. Ludmila foi atendida no Hospital das Clínicas por profissionais de saúde da Unesp e saiu do tratamento doloroso com a ideia fixa de prestar medicina e ingressar na Universidade que a atendeu. Isso ocorreria sete anos mais tarde. “Essa vivência da fratura foi determinante para a minha escolha profissional”, diz a médica, que reiterou a afirmação, com outras palavras, durante o seu discurso neste 8 de março.

Uma trajetória dentro da Unesp
Após ingressar em medicina, a paulistana Ludmila escolheu estudar em Botucatu, cidade que adotou. Na Unesp, seguiu por inteiro. De 1996 a 2001, fez a graduação na Faculdade de Medicina do câmpus de Botucatu (FMB). De 2002 a 2004, concluiu a residência em medicina preventiva e social e a especialização em gestão de serviços e sistemas de saúde. Em 2003, obteve o primeiro vínculo de trabalho como professora substituta da FMB, no Centro Saúde-Escola. Escolheu tornar-se servidora técnico-administrativa, admitida em concurso de 2005 como médica da Unesp. O mestrado e o doutorado em saúde coletiva, este último concluído em 2012, também foram concluídos na Universidade.

Como funcionária, desenvolveu atividades de assistência, ensino e pesquisa em atenção primária à saúde no Centro Saúde-Escola, unidade auxiliar em que deu os primeiros passos como gestora, na função de assistente de direção. Depois de passagem rápida pela Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu, voltou à Universidade e trabalhou em uma das realizações que mais se orgulha: a construção do prédio-sede da Seção Técnica de Saúde (STS) de Botucatu.

“Antes, a sede da STS era depois da linha do trem (fora do câmpus de Rubião). Ela sempre questionava ‘como você quer atender o trabalhador dignamente assim?’”, lembra a enfermeira Silvia Pincelli, que conhece a médica desde 2010 e se tornou o seu braço direito na Coordenadoria de Saúde e Segurança do Trabalhador (CSST). “Ela gerou números e, recorrendo a argumentos técnicos, conseguiu a construção do prédio, com o apoio do ex-reitor Durigan e da (organização social) Famesp. É uma pessoa extremamente ética, muito trabalhadora e leal a uma causa e a preceitos. É muito caro para ela acreditar na ciência e nos estudos”, diz Pincelli.

Ludmila (a primeira à esquerda) e profissionais de saúde em frente à STS de Botucatu / Divulgação CSST-Unesp

Após três anos como supervisora na STS do campus de Botucatu, Ludmila de Braga exerceu a função de coordenadora regional, com atividades de supervisão em perícias médicas e saúde do trabalhador em sete campus da Unesp. Em 2018, foi convidada para trabalhar na Reitoria e liderar a CSST. O professor José Paes de Almeida Nogueira Pinto, que acompanha desde o início o trabalho da médica na administração central, reconhece o papel fundamental desempenhado pela “doutora Lud” nos últimos anos, em especial ao longo da pandemia de covid-19. Em 2021, a médica também assumiu como uma das coordenadoras do serviço de telessaúde E-Care, voltado ao atendimento virtual e multiprofissional da comunidade da Universidade.

“Ludmila é uma mulher extremamente forte e acho que a comunidade percebeu sua capacidade para seguir adiante”, disse o docente, em encontro entre os integrantes do comitê central e os comitês locais de acompanhamento da pandemia, realizado no final de 2021. “Ela passou por momentos pessoais e profissionais extremamente difíceis, mas estava lá. Não havia sábado, não havia domingo, não havia nada. A Ludmila estava lá”, afirmou na ocasião. “Tenho a maior admiração (por ela) pela capacidade de trabalhar, de olhar e falar ‘a gente é capaz de fazer’, ‘a gente vai superar’. E a gente está superando.”

Da esq. para dir.: o diretor da FCLAr, Jean Portela; a vice-reitora Maysa Furlan; a médica Ludmila de Braga; e o reitor Pasqual Barretti durante a entrega da medalha Heleieth Saffioti.

Unesp Mulheres
A cerimônia de entrega da medalha Heleieth Saffioti, realizada neste 8 de março no auditório do Conselho Universitário da Unesp, contou com a presença de familiares da médica Ludmila de Braga, servidores docentes e técnico-administrativos da Reitoria e de unidades universitárias, de pró-reitores, da vice-reitora Maysa Furlan e do reitor Pasqual Barretti, com quem a médica trabalha desde o câmpus de Botucatu. “Ludmila é uma grande pessoa e fonte de inspiração”, afirmou o reitor, que também nomeou mulheres da Unesp que foram importantes ao longo de sua trajetória.

O reitor Pasqual Barreti fez a leitura do certificado concedido com a premiação e coube à vice-reitora Maysa Furlan a entrega da medalha Heleieth Saffioti à médica. “Nossa comunidade e a sociedade sofreram com a pandemia e sofrerão no pós-pandemia”, afirmou a vice-reitora, antes de anunciar o lançamento do aplicativo Unesp Mulheres, já disponível para as unespianas.

Tela do aplicativo Unesp Mulheres

Na solenidade, foram apresentados vídeos com a trajetória da médica homenageada, com relatos de docentes que a orientaram ou trabalharam com ela no dia a dia da Universidade, e com a história de Heleieth Saffioti (1934-2010). A medalha recém-criada leva o nome da socióloga pioneira nos estudos de gênero no país e uma das mais importantes pensadoras feministas brasileiras do século passado. Heleieth Saffioti foi docente na Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) do câmpus de Araraquara da Unesp e ajudou a criar o curso de Ciências Sociais.

“Que a medalha Heleieth Saffioti, que muito nos honra, seja não somente uma importante distinção, mas um marco pela defesa da vida das mulheres e por políticas científicas que fomente a igualdade de gênero”, afirmou o professor Jean Cristtus Portela, diretor da Faculdade de Ciências e Letras do câmpus de Araraquara (FCLAr), unidade universitária de origem da socióloga.

Os discursos proferidos durante a cerimônia, que durou cerca de 75 minutos, estão disponíveis no canal Unesp Oficial no youtube, que a transmitiu ao vivo (veja abaixo).

Via Jornal Unesp

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Pinacoteca promove Sextou na Pina no dia 2

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A Pinacoteca de Botucatu realiza mais uma edição do projeto “Sextou na Pina” nesta sexta-feira, dia 2 de maio.

O espaço estará com horário estendido até às 21h, proporcionando à população a oportunidade de visitar as exposições em cartaz e desfrutar de um ambiente cultural no início do fim de semana.

O projeto busca incentivar a fruição artística e o acesso à cultura por meio de visitas noturnas, reunindo arte, diálogo e um ambiente acolhedor no centro da cidade.

Serviço:

Data: 2 de maio (sexta-feira)

Horário: Até as 21h

Local: Pinacoteca de Botucatu – Rua General Telles, 1040, Centro

Entrada: Gratuita

Classificação indicativa: Livre

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Botucatu

HCFMB e Prefeitura realizam ação de combate a hipertensão no Bosque, dia 17

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Em abril, a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) lança a Campanha de Hipertensão 2025, em comemoração ao Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão Arterial (26 de abril) e ao Dia Mundial de Hipertensão (17 de maio). Este ano, o tema da campanha é “Quem se ama cuida da pressão”, com o objetivo de ressaltar a importância do autocuidado com a finalidade de diagnosticar, controlar e prevenir as complicações relacionadas à hipertensão arterial.

Em Botucatu, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp (HCFMB) e as Ligas de Cardiologia e Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB|Unesp), em parceria com a Secretaria de Saúde, promoverão, no dia 17 de maio, das 9h às 17h, uma ação de conscientização na praça do Bosque, no Centro.

Aferição de pressão arterial, medida de altura, peso e a distribuição de panfletos informativos são algumas atividades previstas para o dia.

Sobre a Hipertensão

A hipertensão arterial ou pressão alta é definida por valores pressóricos superiores a 140/90 mmHg e constitui uma das principais causas de morte no Brasil, acometendo cerca de 30% da população adulta. Em idosos, pessoas com excesso de peso e diabéticos, esses percentuais são ainda superiores, podendo superar os 60%.

As principais complicações da hipertensão são a doença renal crônica, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC). Essas complicações podem ser em grande parte prevenidas pelo controle pressórico, por meio de medidas simples, como redução do consumo de sal e do peso corporal, prática regular de exercícios físicos e atitudes que visam a modificação do estilo de vida inadequado, associadas ou não ao tratamento medicamentoso.

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Botucatu

Câmara debate Regularização de Lotes e Obras Clandestinas

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Na noite desta terça-feira (29/04), a Câmara Municipal de Botucatu realizou uma Audiência Pública para debater sobre o Projeto de Lei nº 22/2025, que está na Casa e dispõe sobre a Regularização de Desdobramento de Lote e de Obra Clandestina no município.
A Audiência foi conduzida pelo vereador Nuno Garcia (PODE). Compuseram a Mesa dos trabalhos, ainda, o Secretário de Habitação e Urbanismo, Rodrigo Fernandes Michelin; o Presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Zé Fernandes (PSDB), e o Procurador Legislativo, Paulo Antonio Coradi Filho.
Os vereadores Carlos Trigo (MDB), Ielo (PDT) e Lelo Pagani (PSDB) estiveram presentes e realizaram questionamentos sobre o tema. Além disso, a população em geral também pôde assistir e tirar suas dúvidas, tanto de forma presencial, como de maneira remota.
“Essa Lei não é uma novidade, recorrente de tempos em tempos. Trata-se da anistia para aquelas pessoas que tem o seu imóvel de alguma forma irregular”, explicou o Secretário.
Pela proposta, lotes de terrenos localizados na zona urbana do município com área mínima de 125 m², que tenham edificação, e comprimento da fachada igual ou superior a 5m, que já se encontram desdobrados, poderão ser regularizados. O objetivo é proporcionar aos proprietários de imóveis irregulares a oportunidade de adequação às normas urbanísticas vigentes.
O Projeto teve parecer contrário do Jurídico Legislativo, que entende que o Projeto de Lei vai contra o que é estabelecido no Plano Diretor e Lei de Parcelamento do Solo.
“O Parecer Jurídico pela ilegalidade é pelo desmembramento de lote. Pelos estudos que venho fazendo de diversas leis que vem chegando, 70% a 90% dos processos é para dividir o lote. É claro que é para exploração econômica, pegar um lote, dividir ao meio e, contra a Lei que fala em 250 m², e depois você regularizar com 125 m²”, esclareceu o Procurador.
Agora, o projeto passará por análise das comissões da Câmara para posterior votação em plenário.
O Projeto de Lei e o Parecer jurídico podem ser consultados em sua íntegra no site da Câmara.
Agora, o projeto passará por análise das comissões da Câmara para posterior votação em plenário.
Não conseguiu acompanhar ao vivo? A íntegra da Audiência fica disponível no Youtube da Câmara de Botucatu e em reprises durante a programação da TV Câmara (Canal 31.3 da rede aberta e 2 da Claro TV).

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