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Insegurança – artigo de Bahige Fadel

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INSEGURANÇA

Fazia tempo que eu não escrevia uma crônica. E não é por falta de tempo. Nunca tive tanto tempo na vida. Aposentado completamente, tempo é que não falta. O motivo é outro. Insegurança. Sim, tenho me sentido um tanto inseguro. Não é uma coisa do outro mundo. Não estou precisando dormir com luz acesa. Mas não me sinto seguro para escrever sobre determinados assuntos.

Já devo ter me sentido inseguro muitas vezes. E não estou me referindo àquela insegurançazinha em dia de prova de matemática. Isso é coisa leve. Insegurança maior. A primeira, possivelmente, aos cinco anos de idade. Nem me lembro bem, mas deve ter sido barra pesada. Foi quando vim ao Brasil com a minha família. País novo, língua desconhecida, pessoas diferentes. Não deve ter sido fácil.

Outra insegurança – dessa me lembro muito – foi aos onze anos de idade. Foi quando, para estudar, vim morar na pensão Santana, em Botucatu. Eu e meu irmão. Eu com onze anos, ele com treze. Tinha pesadelos. Chorava. Meu irmão tentava me ajudar, mas fazer o quê? Ele tinha que lidar com as inseguranças dele. Deve ter sido a pior época de minha vida.

Depois, já adulto, quando tive que escolher uma profissão. Meus pais, durante a vida inteira, ‘treinavam’ minha cabeça para que tivesse determinada profissão, mas, quando chegou a hora da decisão, vi que era impossível. Não foi fácil. Embora tenha dado muito certo. Ser professor foi um prêmio para mim. Realizei-me na profissão e galguei vários postos na área da educação.

Outro momento de insegurança foi no regime militar. Eu era jornalista e professor, nessa época. No rádio, sabia o que podia ser dito e o que não podia. Temeroso de represálias, segui as normas da época. Só tive um pequeno problema no dia em que resolvi noticiar uma passeata contra o regime dos alunos da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. Como professor, a gente ficava na corda bamba. Era preciso equilibrar-me para não cair. Eu sabia, por exemplo, que era um perigo declamar, em sala de aula, o poema Operário em construção, de Vinícius de Moraes. Vinícius tinha sido cassado e o poema não era bem visto pelo regime. Mas acho que me dei bem. Tomei cuidados, sem me despersonalizar.

Agora, já idoso, quando deveria estar com o burro na sombra, estou me sentindo inseguro. Não estou certo do que posso criticar na política. Não que tenha críticas tão contundentes para fazer. Já passou esse tempo. O tempo das lutas por ideias e ideais já passou. Acho que ganhei o direito de viver com sossego e paz. Assim mesmo, tenho me sentido inseguro. Não tanto por mim, mas pelos outros. Por meus filhos e netos. Que Brasil eles terão? Terão um Brasil de liberdade, tranquilidade e desenvolvimento? Tomara que sim. Todos os brasileiros merecem um pouco de paz.

BAHIGE FADEL

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Pinacoteca promove Sextou na Pina no dia 2

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A Pinacoteca de Botucatu realiza mais uma edição do projeto “Sextou na Pina” nesta sexta-feira, dia 2 de maio.

O espaço estará com horário estendido até às 21h, proporcionando à população a oportunidade de visitar as exposições em cartaz e desfrutar de um ambiente cultural no início do fim de semana.

O projeto busca incentivar a fruição artística e o acesso à cultura por meio de visitas noturnas, reunindo arte, diálogo e um ambiente acolhedor no centro da cidade.

Serviço:

Data: 2 de maio (sexta-feira)

Horário: Até as 21h

Local: Pinacoteca de Botucatu – Rua General Telles, 1040, Centro

Entrada: Gratuita

Classificação indicativa: Livre

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Botucatu

HCFMB e Prefeitura realizam ação de combate a hipertensão no Bosque, dia 17

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Em abril, a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) lança a Campanha de Hipertensão 2025, em comemoração ao Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão Arterial (26 de abril) e ao Dia Mundial de Hipertensão (17 de maio). Este ano, o tema da campanha é “Quem se ama cuida da pressão”, com o objetivo de ressaltar a importância do autocuidado com a finalidade de diagnosticar, controlar e prevenir as complicações relacionadas à hipertensão arterial.

Em Botucatu, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp (HCFMB) e as Ligas de Cardiologia e Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB|Unesp), em parceria com a Secretaria de Saúde, promoverão, no dia 17 de maio, das 9h às 17h, uma ação de conscientização na praça do Bosque, no Centro.

Aferição de pressão arterial, medida de altura, peso e a distribuição de panfletos informativos são algumas atividades previstas para o dia.

Sobre a Hipertensão

A hipertensão arterial ou pressão alta é definida por valores pressóricos superiores a 140/90 mmHg e constitui uma das principais causas de morte no Brasil, acometendo cerca de 30% da população adulta. Em idosos, pessoas com excesso de peso e diabéticos, esses percentuais são ainda superiores, podendo superar os 60%.

As principais complicações da hipertensão são a doença renal crônica, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC). Essas complicações podem ser em grande parte prevenidas pelo controle pressórico, por meio de medidas simples, como redução do consumo de sal e do peso corporal, prática regular de exercícios físicos e atitudes que visam a modificação do estilo de vida inadequado, associadas ou não ao tratamento medicamentoso.

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Câmara debate Regularização de Lotes e Obras Clandestinas

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Na noite desta terça-feira (29/04), a Câmara Municipal de Botucatu realizou uma Audiência Pública para debater sobre o Projeto de Lei nº 22/2025, que está na Casa e dispõe sobre a Regularização de Desdobramento de Lote e de Obra Clandestina no município.
A Audiência foi conduzida pelo vereador Nuno Garcia (PODE). Compuseram a Mesa dos trabalhos, ainda, o Secretário de Habitação e Urbanismo, Rodrigo Fernandes Michelin; o Presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Zé Fernandes (PSDB), e o Procurador Legislativo, Paulo Antonio Coradi Filho.
Os vereadores Carlos Trigo (MDB), Ielo (PDT) e Lelo Pagani (PSDB) estiveram presentes e realizaram questionamentos sobre o tema. Além disso, a população em geral também pôde assistir e tirar suas dúvidas, tanto de forma presencial, como de maneira remota.
“Essa Lei não é uma novidade, recorrente de tempos em tempos. Trata-se da anistia para aquelas pessoas que tem o seu imóvel de alguma forma irregular”, explicou o Secretário.
Pela proposta, lotes de terrenos localizados na zona urbana do município com área mínima de 125 m², que tenham edificação, e comprimento da fachada igual ou superior a 5m, que já se encontram desdobrados, poderão ser regularizados. O objetivo é proporcionar aos proprietários de imóveis irregulares a oportunidade de adequação às normas urbanísticas vigentes.
O Projeto teve parecer contrário do Jurídico Legislativo, que entende que o Projeto de Lei vai contra o que é estabelecido no Plano Diretor e Lei de Parcelamento do Solo.
“O Parecer Jurídico pela ilegalidade é pelo desmembramento de lote. Pelos estudos que venho fazendo de diversas leis que vem chegando, 70% a 90% dos processos é para dividir o lote. É claro que é para exploração econômica, pegar um lote, dividir ao meio e, contra a Lei que fala em 250 m², e depois você regularizar com 125 m²”, esclareceu o Procurador.
Agora, o projeto passará por análise das comissões da Câmara para posterior votação em plenário.
O Projeto de Lei e o Parecer jurídico podem ser consultados em sua íntegra no site da Câmara.
Agora, o projeto passará por análise das comissões da Câmara para posterior votação em plenário.
Não conseguiu acompanhar ao vivo? A íntegra da Audiência fica disponível no Youtube da Câmara de Botucatu e em reprises durante a programação da TV Câmara (Canal 31.3 da rede aberta e 2 da Claro TV).

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