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As consequências da Covid-19 sobre o bem estar e a saúde mental

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A pandemia da Covid-19 revelou-se um potente fator de estresse para a população de diversos países, não somente pelo risco de contaminação, mas também por trazer consigo o distanciamento social, dificuldades econômicas, incertezas, entre outras consequências.

É a primeira vez na história recente que vivenciamos um fenômeno dessa magnitude, em que indivíduos, famílias e comunidades inteiras estão ou serão afetadas em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde reconheceu que a pandemia terá importantes consequências no bem-estar psicológico das pessoas, podendo agravar ou até mesmo gerar problemas mentais, propiciando o aumento da preocupação com os impactos para a saúde mental, no curto e longo prazo.

Dado seu caráter inédito, ainda não é possível conhecer todos os efeitos da pandemia sobre a saúde mental da população. Apesar disso, podemos nos guiar por situações de quarentenas passadas, assim como nas recentes pesquisas publicadas, baseadas nas experiências dos primeiros países afetados pela Covid-19, como a China e a Coréia do Sul, que apresentam dados sobre as consequências da primeira fase de quarentena na saúde mental das pessoas.

Sabemos que, frente a situações de grave crise como a que estamos vivendo, cada indivíduo é afetado de diferentes maneiras, existindo uma grande possibilidade de reações e sentimentos que podem surgir ao longo da crise e até mesmo após seu término. Uma das grandes angústias advindas com as circunstâncias desta pandemia é a dúvida que paira sobre o futuro, em todos os aspectos.

O ser humano tem muita dificuldade em lidar com o não-saber, relacionando o terror da dúvida com a perda do controle sobre a própria vida, o que pode levar muitas pessoas a se sentirem confusas, amedrontadas e apresentarem sintomas de ansiedade. A maioria de nós, quando submetidos ao distanciamento social e consequente mudança de rotina, pode experimentar uma desagradável percepção de que os planos para o futuro imediato mudaram de forma repentina e dramática, o que pode ser desorganizador. Além disso, não podemos esquecer que viver uma pandemia vai contra a concepção aceita por alguns de que o mundo é justo e governado por um poder superior benevolente, o que pode ser fator estressor adicional, principalmente para quem mantém alguma crença religiosa.

Em revisão publicada em março deste ano na revista Lancet, os autores afirmam que a quarentena está frequentemente associada a um efeito psicológico potencialmente negativo. Dentre as principais alterações que podem ser observadas, pode-se destacar sintomas de estresse pós-traumático, reações de luto, sintomas depressivos e ansiosos (incluindo crises de pânico), ideação suicida, comportamentos violentos, e abuso de substâncias psicoativas. Os profissionais que trabalham em hospitais são mais suscetíveis a exaustão, ansiedade, irritabilidade, insônia, redução da empatia, além de queda do desempenho e das funções cognitivas. A intensidade das reações depende de diversos fatores, como: idade, saúde física, apoio social, histórico pessoal e familiar de problemas de saúde mental, entre outros.

Como seres racionais que somos, é natural que, a princípio, fiquemos bastante desconfortáveis com as reações inconscientes e primitivas desencadeadas pela vivência da pandemia, o que pode, inclusive, nos levar a deliberadamente negá-las em nosso pensamento consciente, como se não existissem. É importante compreendermos que estamos diante de um cenário extremamente estressante e, portanto, reconhecer que sentimentos de tristeza, ansiedade, medo e mesmo sintomas depressivos são reações esperadas frente a tamanho desafio.

As sugestões seguintes podem ser úteis no gerenciamento do estresse: pense no que o ajudou a lidar com os seus problemas no passado e o que você pode fazer de semelhante agora para se fortalecer; caso esteja realizando home office, tente manter certa rotina, incluindo carga horária de trabalho fixa, alternando com períodos adequados de descanso, para não ficar muito esgotado; caso esteja sem nenhuma atividade regular, tente não se cobrar tanto por produtividade – tudo bem estar mais improdutivo em um momento como esse; reduza o consumo de álcool, cafeína e nicotina e evite utilizar medicamentos sem prescrição médica; procure dormir e se alimentar bem; utilize a internet para manter contato com amigos, entes queridos ou outras pessoas em quem você confie para apoiá-lo; tente adaptar o ambiente doméstico de forma que consiga realizar alguma atividade física e, por fim, limite a sua exposição à mídia (TV, jornais, internet) e, quando o fizer, procure sempre referências de confiança.

Para o caso de essas medidas não serem suficientes, é importante estar atento para reações e sintomas que exigem atendimento e cuidados de profissionais da saúde mental. Para identificá-las, atente-se a situações em que a pessoa apresenta comportamentos de risco para si mesma e/ou outras pessoas, ou cujos sintomas a impedem de cuidar de si ou dos próprios filhos e demais dependentes. Preocupações excessivas e paralisantes, perda do prazer e interesse em atividades prazerosas e pensamentos suicidas são alguns dos sinais de alarme para procura por ajuda. Nesse caso, recorra inicialmente à Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência para acolhimento. Caso seja funcionário do complexo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), há ainda a opção de que o acolhimento psicológico inicial seja feito por via telefônica pelos números: (14) 99639-0693 ou 99893-9607.

Assessoria FMB

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Marcelo Sleiman espera ser vice de Fábio Leite

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O vereador Marcelo Sleiman (MDB) se colocou à disposição para o cargo de vice-prefeito na chapa encabeçada por Fábio Leite (PSD) e comandada pelo Prefeito Pardini. A declaração foi feita no programa Botucast, da última quarta-feira (15).

Sleiman que compõs os governos João Cury e Mário Pardini, foi eleito vereador em 2020 e se coloca como um importante nome na disputa.

Assista ao episódio

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Botucast recebe Felipe Pugliese, do Projeto Rural Irmã Ceci, sábado

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O jornalista Felipe Pugliese, gestor do Projeto Rural Irmã Ceci, será entrevistado no Botucast deste sábado, às 14 horas.

A Associação de Mulheres Irmã Ceci é uma entidade sem fins lucrativos que desempenha um trabalho socioeducacional com crianças e adolescentes da Zona Rural de Botucatu. Reconhecidos com o título de utilidade pública municipal, eles têm como missão resgatar vidas e construir novas histórias.

Os pilares fundamentais do Projeto Rural Irmã Ceci são Saúde, Educação, Esporte, Agroecologia, Ação Social.

O Projeto Rural Irmã Ceci conta com o apoio da Secretaria Municipal da Educação de Botucatu, do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) e de doadores. Sua dedicação em transformar vidas e promover o bem-estar na comunidade é inspiradora.

 

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Cardiologista do HCFMB alerta para alto índice de morte por doenças cardiovasculares

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Dados recentes divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revelam que cerca de 1.000 pessoas morrem por dia no Brasil em virtude de doenças cardiovasculares. Isso representa aproximadamente 400 mil mortes no país, o que torna este tipo de enfermidade a maior causadora de óbitos no Brasil.

Infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) são as doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Doenças degenerativas do sistema nervoso, como alguns tipos de demência, e o câncer também têm em comum os mesmos fatores de risco das doenças cardiovasculares mais conhecidas.

“Chama a atenção o número de indivíduos jovens que têm sido acometidos por estas doenças, o que está ligado, principalmente, ao estilo de vida inadequado (sedentarismo, alimentação desregrada, tabagismo e abuso de álcool), o que difere dos indivíduos mais idosos, em que são observadas mais frequentemente as doenças crônicas”, lembra o médico cardiologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Fábio Cardoso Carvalho.

Fatores de risco

Em relação às doenças cardiovasculares, há divisão em duas classes: os fatores não-modificáveis, que contemplam idade, sexo e fatores hereditários, e os fatores de risco modificáveis, que dizem respeito às doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial (que é o principal fator de risco para doença cardiovascular), diabetes do tipo 2, dislipidemia e obesidade,

“Devemos lembrar que poucas horas de sono e o estresse crônico também são importantes condições que podem colaborar com os fatores de risco chamados ““ clássicos”” para a ocorrência de doenças cardiovasculares”, afirma Carvalho.

Estimativas

Os dados nacionais apontam mais de 1.100 mortes por dia, mais de 45 por hora, uma morte a cada 90 segundos. As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes em comparação a todos os tipos de cânceres juntos, duas vezes mais que todas as causas externas (acidentes e violência), três vezes mais que doenças respiratórias e mais de seis vezes que todas as infecções.

“Os indivíduos que sobrevivem a estes eventos terão maior incidência de insuficiência cardíaca, doenças renais, doenças degenerativas, câncer e outras doenças crônicas que irão afetar profundamente sua qualidade de vida e poderão desencadear uma série de outras complicações futuras que são potencialmente fatais”, pontua Fábio.

Cuidados e conscientização

A Associação Americana do Coração enumerou oito fatores relacionados à saúde cardiovascular. São quatro comportamentos ideais: dieta adequada, atividade física regular, sono de qualidade e ausência do tabagismo. E outros quatro fatores ideais, como índice de massa corpórea menor que 25 kg/m², colesterol total menor que 200 mg/dL, glicemia de jejum menor que 100 mg/dL, pressão arterial sistólica menor que 120 mmHg e diastólica menor que 80 mmHg.

“É importante também analisar outros fatores individuais como saúde mental, presença de doenças, como ansiedade e depressão e o contexto familiar, cultural, econômico e social do indivíduo”, frisa o cardiologista do HCFMB.

Ainda segundo Fábio, cerca de 70% destas mortes poderiam ser evitadas com prevenção adequada e medidas terapêuticas. “Campanhas de conscientização sobre o problema, com informação e educação sobre o tema, podem ajudar a mudar este grave cenário”, finaliza.

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