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Cultura

Último show dos Beatles, num telhado em Londres, foi interrompido por vizinhos, há 50 anos

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Hoje célebre Apple Rooftop Concert foi o último show ao vivo da banda para uma plateia, interrompido porque os vizinhos se incomodaram com o barulho; registros sobrevivem

O Estado de S. Paulo

Os Beatles já estavam cansados de ser os Beatles quando subiram a um “palco” pela última vez: no dia 30 de janeiro de 1969, os Fab Four pegaram seus instrumentos no topo do edifício do número 3 da Savile Row, no bairro de Mayfair, em Londres, e tocaram para nunca mais tocarem juntos em frente a uma audiência — o último show dos Beatles.

A história ainda não definiu com certeza de quem foi a ideia: há quem diga que foi do conciliador Ringo Starr, e na lembrança do tecladista Billy Preston, que acompanhou o quarteto na apresentação, a ideia foi de John Lennon. O engenheiro de som Glyn Johnson, célebre por gravar os maiores atos do rock inglês naquele ano (além dos Beatles, Rolling Stones e Led Zeppelin), porém, diz que foi dele.

Fato é que a banda e toda sua laia estavam instalados no prédio da Apple Records, o centro de operações da gravadora, produtora de filmes e estúdio. O plano era — depois de ter gravado e lançado White Album em 1968, e de um período em que Ringo ficou afastado da banda — fazer um filme sobre o processo criativo dos Beatles no estúdio, nas gravações do que seria o disco Let It Be. O finale seria uma apresentação ao vivo: a primeira desde o último show da banda, em San Francisco, Califórnia, em 1966.

As filmagens na verdade começaram no Twickenham Film Studios, e eram realizadas de segunda a sexta começando as 9h da manhã, por regulamentações sindicais. Mas a banda já não estava em seu melhor momento no quesito convivência, e o fato de tentar fazer rock and roll no inverno britânico muito cedo não ajudava… um trecho do filme Let It Be, dirigido por Michael Lindsay-Hogg (que décadas depois revelaria ser filho de Orson Welles) e vencedor de um Oscar de trilha sonora em 1971, mostra um momento em que George Harrison discute com Paul McCartney num tom altamente irônico.

“Eu vou tocar o que você quiser que eu toque ou não vou fazer nada”, diz Harrison. “O que quer que te agrade, eu vou fazer.”

Ouch.

Envolvido nas gravações de uma parte das The Basement Tapes, com Bob Dylan e a The Band em Nova York, Harrison concordou em retornar a Londres sob uma condição: abandonar as sessões no Twickenham e mover a operação para o prédio da Apple Records.

A turma concordou, equipamentos foram levados do estúdio em Abbey Road, e alguns dias depois dos trabalhos o quarteto decidiu estar pronto para o show ao vivo.

Em um momento revelador do filme Let It Be, McCartney tenta de todo jeito convencer John Lennon e fazer a banda voltar ao palco, usando como argumento a série de shows realizados em Liverpool em 1961, depois da temporada na Alemanha. “Quando voltamos, os shows foram terríveis, estávamos nervosos. Mas continuamos a tocar e então a gente tinha eles nas mãos. Se alguém tivesse filmado aquelas apresentações… elas foram fantásticas”, diz Paul.

A sugestão de um show surpresa, inesperado, insólito, é tentadora demais mesmo para John.

Apple Rooftop Concert
Imagens do último shows dos Beatles, no telhado da Apple Records, em 30 de janeiro de 1969 Foto: Apple Records

 

A história segue e conta que depois de algumas especulações megalomaníacas como Los Angeles, o Coliseu e uma ilha na Grécia, a banda concordou em fazer subir os equipamentos e tocar no terraço, na hora do almoço, na região central de Londres.

Instrumentos, a estrutura de palco, o sistema de PAs, microfones e cabos foram levados quatro lances de escada acima, e no dia 30 de janeiro de 1969 uma pequena turma de amigos, além da equipe de filmagem, começava a presenciar aquela que seria a última aparição dos quatro Beatles juntos tocando suas músicas.

A missão de montagem e mixagem do som ficou por conta dos engenheiros Glyn Johns, Keith Slaughter e Dave Harries. Um dos problemas a serem resolvidos pela equipe era o vento nos microfones. Eles então mandaram um operador de fitas novato (ninguém menos que Alan Parsons) ir comprar meias-calças numa loja próxima. “Eu recebi muitos olhares estranhos”, lembrou Parsons anos depois.

O som foi mixado numa máquina de gravação de 8 canais, e o grupo performou algumas tomadas de cinco canções: Get Back, Dig a Pony, I’Ve Got a Feeling, Don’t Let Me Down e One After 909.

Embora o filme se encontre hoje fora de catálogo, alguns vídeos e trechos ainda podem ser encontradas na web.

O vídeo abaixo é um lançamento oficial da banda, um compilado de dois takes de Don’t Let Me Down gravados no topo do prédio da Apple Records.

Abaixo, outros teasers oficias sobre a produção do filme. Paul diz que a ideia era mostrar o processo criativo dos Beatles.

O show durou pouco mais de 40 minutos e foi interrompido, sim, pela polícia, após reclamações de comerciantes e moradores ao redor em relação a barulho e ao aumento do tráfego — transeuntes desavisados são os primeiros a testemunhar a movimentação estranha no teto do prédio, mas é curioso perceber como a notícia se espalha rápido numa era em que telefones celulares eram itens de distopias futuristas.

Em 2009, Paul McCartney repetiu uma experiência semelhante ao tocar de surpresa no teto do Ed Sullivan Theater, em Manhattan, para um quadro especial do Late Show, na época comandado por David Letterman: a notícia se espalhou rapidamente pelo Twitter e milhares de fãs se juntaram nas ruas e nos prédios vizinhos para assistir à performance, 40 anos depois do “show no teto” original.

Em uma entrevista na revista Word décadas depois daquela última performance com a banda, McCartney diz: “Eu amei porque ela mostra o que os Beatles eram por baixo de tudo aquilo. Nós éramos uma bela de uma banda”.

No fim do show, após uma versão crua de Get Back, é possível ouvir Lennon dizer: “”I’d like to say ‘thank you’ on behalf of the group and ourselves, and I hope we passed the audition” (gostaria de agradecer em nome do grupo e de nós mesmos, e espero que tenhamos passado no teste).

E aí, eles passaram?

Apple Rooftop Concert
Imagens do último shows dos Beatles, no telhado da Apple Records, em 30 de janeiro de 1969 Foto: Apple RecordsEstadão

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Botucatu

Cuesta Reggae Fest terá 10 horas de música, artes e gastronomia, dia 31

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Com Tribo de Jah e atrações locais, festival promete ser uma experiência única e inesquecível para os que participarem.

Botucatu se prepara para sediar o Cuesta Reggae Fest, um dos maiores festivais de reggae da região. O evento, que acontecerá no dia 31 de março, irá celebrar a cultura e a música reggae em um ambiente de muita energia e vibração positiva, no Espaço Pé de Peixe, no Vale do Aracatu.

Com uma programação repleta de atrações, o Cuesta Reggae Fest promete levar ao público uma experiência única e inesquecível. Serão mais de 10 horas de música, com shows de bandas renomadas do reggae nacional e regional, além de apresentações de DJs, sound systems e apresentações circenses.

Entre as atrações confirmadas estão: Tribo de Jah, um dos maiores nomes do reggae brasileiro; Manga Rosa, Rasta La Vista, Projeto Tricoma e Sementes Livre Hi-fi, que prometem ganhar o coração do público com mensagens de amor e paz.

Além dos shows, o Cuesta Reggae Fest também contará com uma ampla praça de alimentação, com comidas típicas e variadas opções gastronômicas, além de área com consumo livre.

O Cuesta Reggae Fest é um evento para todas as idades e para todos aqueles que querem celebrar a cultura e a música reggae em um ambiente de paz e harmonia. Com uma produção impecável e uma estrutura completa, o festival promete ser uma experiência única e inesquecível para todos os que participarem.

Os ingressos para o Cuesta Reggae Fest já estão à venda e podem ser adquiridos através das redes sociais do evento. Venha celebrar a cultura e a música reggae no Cuesta Reggae Fest, em Botucatu.

Serviço: Cuesta Reggae Fest

Data: 31 de março, a partir das 18 horas.

Local: Pé de Peixe, Vale do Aracatu

Mais informações: Cuesta Reggae Fest (@cuestareggaefest_) • Fotos e vídeos do Instagram

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Botucatu

Bahige Fadel fala sobre a vida, Educação, cancelamento e linguagem neutra

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O professor Bahige Fadel foi o entrevistado de estreia do Botucast – um programa sobre Cultura, assuntos e personagens de Botucatu e região -, no ultimo sábado (11).

Fadel que é articulista do Cidade Botucatu, foi vereador, radialista e professor. O professor concedeu uma entrevista corajosa onde contou sobre a vida dele, desde a chegada ao Brasil, e comentou temas polêmicos como a falta da liberdade de expressão, a cultura do cancelamento, linguagem neutra e muitos outros como os desafios da educação.

Neste sábado (18), o Botucast recebe um grupo de guias turísticos que conta a história de Botucatu através de caracterizações O Ybitucatu das Antigas.

Saiba mais aqui: Botucast

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Botucatu

Teatro Municipal recebe a peça “Medinho Medão”, em duas sessões grátis, sexta-feira

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O teatro municipal de Botucatu recebe duas sessões do espetáculo “Medinho Medão”, nessa sexta-feira (10). A entrada é gratuita.

A peça conta a história de Rafa que como muitos meninos urbanos sofrem com a ausência de seus pais que trabalham muito e estão sempre ocupados, com isso o mundo de Rafa é povoado por medos. Num dia em que todo mundo esquece de buscá-lo na escola, em sua solitária espera, cai no sono, e seu sonho o leva para um lugar diferente onde começa a entender que ter medo não é uma vergonha, mas que acabar com ele por ser um verdadeiro desafio.

Ação realizada mediante a contemplação do Projeto pelo Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, ProAc. O evento acontece com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Botucatu e do Teatro Municipal.

MEDINHO MEDÃO🎭

🗓️Quando: 10/03, sexta-feira,
⏰Horário: Primeira sessão: 10h / Segunda sessão: 14h45
📌Onde: Teatro Municipal de Botucatu, (Praça Coronel Rafael de Moura Campos, 27 – Centro)
💰Entrada gratuita
⏱️Duração: 1h
📂Classificação: Livre

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