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Por dentro do KC-390: a maior joia da Embraer

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Enquanto boa parte das forças aéreas no mundo continua usando o veterano Hércules como cargueiro, o Brasil foi pelo caminho mais difícil. E deu certo.

F-18 Hornet, F-35, Mirage 2000, Mig-35, Gripen NG. Se um dia você fundar um país e precisar de caças para as suas forças armadas, vai ter um monte de maravilhas tecnológicas como essas à sua disposição, que você poderá importar dos EUA, da França, da Rússia ou da Suécia por alguns bilhões de dólares a frota. Mas nem só de caças se faz uma força aérea. Você também vai precisar de helicópteros, de monomotores a hélice (para treinar os pilotos de caça) e, sobretudo, de cargueiros.

São os cargueiros que, com o perdão do trocadilho, carregam o piano de boa parte das operações militares: transportam soldados, armas, munições, gasolina, comida, blindados de combate e, não menos importante, ainda servem de posto de gasolina aéreo para os caças, já que são capazes de reabastecê-los com a ajuda de um tubo que liga o tanque do cargueiro ao do caça em pleno voo. Um avião de combate operando no máximo da potência chega a consumir uma tonelada de combustível a cada dois minutos. Os reabastecimentos aéreos, então, são fundamentais em combate.

Mesmo com essa importância toda, o mundo dos cargueiros nunca teve o glamour técnico do dos caças. Há mais de 60 anos, qualquer país que procure um cargueiro militar tem praticamente uma única opção nesse segmento, o lendário Lockheed Martin C-130 Hercules, um avião a hélice criado em 1954 – numa época em que o Fusca ainda era um importado de luxo no Brasil.

E é aí que entra o KC-390, o avião que protagoniza estas páginas. Enquanto outras nações vêm substituindo seus antigos Hercules por versões um pouco mais modernas do velho turboélice – caso das poderosas forças aéreas dos EUA e França -, a Força Aérea Brasileira (FAB) escolheu o caminho mais difícil: substituir sua frota de Hercules por um cargueiro completamente novo. Brasileiro. Feito pela Embraer.

A FAB encomendou 28 jatos, ao custo de R$ 7,2 bilhões. A expectativa da empresa, de qualquer forma, é bem maior: transformar o KC-390 no novo Hercules, na aeronave que todas as forças aéreas do mundo identificam com a palavra “cargueiro”. Isso significa, de acordo com a Embraer, vender 700 desses aviões mundo afora nos próximos 20 anos.

Trator com lasers

A Embraer jamais tinha produzido algo parecido com o KC-390. A empresa é especializada em jatinhos executivos e aeronaves comerciais de pequeno porte, para até 130 passageiros. Diante desses inocentes aviões civis, o KC é um trator – com lasers.

Para começar, parte da fuselagem dele é blindada, principalmente no cockpit dos pilotos. Outra defesa da aeronave são os sistemas para despistar mísseis. O avião lança tiras de alumínio no ar para iludir os foguetes guiados por radar, e fogos de bengala (espécie de fogos de artifício), que ludibriam os mísseis guiados por calor – os mísseis passam a correr atrás dos fogos, deixando o avião em paz. Tais sistemas de defesa, aliás, são dois recursos clássicos do Hercules, que um postulante a sucessor dele não poderia deixar de ter.

Também à imagem e semelhança do Hercules, o KC conta com uma rampa na parte de trás. Ela pode ser aberta durante os voos para lançar paraquedistas ou suprimentos, o que exige reforços na fuselagem para lidar com o tranco da turbulência. As asas, assim como no Hercules, ficam na parte superior da fuselagem, não no meio. Isso aumenta o espaço interno do avião e evita que os detritos das pistas rústicas danifiquem as turbinas – coisa que o Hercules não tem.

Outra coisa que o Hercules não tem é o fly-by-wire, aquele sistema eletrônico que substitui os velhos cabos e sistemas hidráulicos dos aviões de projeto mais antigo – caso do próprio Boeing 737, o avião mais utilizado no mundo.

O fly-by-wire é carne de vaca nos aviões comerciais há algumas décadas. Mas, como qualquer sistema eletrônico, sempre passa por atualizações pesadas. O fly-by-wire do KC, então, é de última geração. Conta com o que os especialistas chamam de full fly-by-wire. Ou seja: todos os controles das aeronaves são elétricos. Isso deixa o avião mais leve, pois dispensa cabos e outros mecanismos de comando – e o resultado é uma aeronave mais econômica, que gasta menos combustível.

Outra vantagem em relação ao Hercules é a velocidade máxima. Graças aos motores a jato ele alcança 870 km/h, contra 600 km/h do rival americano movido a hélice. O KC também tem mais capacidade de carga: 23 toneladas, contra 20 do Hercules. Com isso, ele consegue abrigar até 80 soldados, ou 74 macas – para o caso de missões de resgate de feridos.

Além das tarefas militares, aliás, o KC fará operações de busca e de combate a incêndios florestais. Todas essas tarefas descritas poderão ser realizadas pelo mesmo avião, bastando apenas modificar sua configuração interior, como incluir tanques de combustível ou de água.

(Jonatham Sarmento/Superinteressante)

Turbinas para a economia

O KC-390 começou a ser projetado em 2007, e só saiu definitivamente do papel em outubro de 2015, quando aconteceram os primeiros voos de teste. Mas ele ainda não entrou para a frota da FAB. Natural. Antes de um novo avião entrar em operação para valer, ele precisa passar por testes severos. Desde o início dos testes, os protótipos do KC-390 acumularam 720 horas de voo. Mesmo assim, a aeronave ainda precisa testar uma série de funções – principalmente as mais delicadas, como reabastecimento aéreo e pouso no gelo. Pelas contas da Embraer, o cargueiro deve estrear na Força Aérea em 2018, já com as 28 unidades que foram encomendadas.

O único comprador confirmado além da FAB é a Força Aérea de Portugal, que está em negociações adiantadas para adquirir cinco unidades –   Outros países já demonstraram interesse: Argentina, Colômbia, Chile, República Tcheca, Suécia e Alemanha. Se o avião fizer sucesso mesmo lá fora, as vendas podem gerar mais de R$ 200 bilhões em valores de hoje para a Embraer. E, de quebra, para boa parte da indústria brasileira. A montagem de aviões desse porte, afinal, demanda minas de titânio para a produção dos trens de pouso, placas de alumínio para a fuselagem, mais cientistas da computação, mais engenheiros. Enfim, ajudam a economia a levantar voo – justamente o que o País mais precisa neste momento. Boa sorte, KC.

Publicação Original: Super Interessante

 

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Caixa inicia pagamento do Bolsa Família e Auxílio Gás, segunda (16)

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Pagamento será antecipado para alguns municípios dos estados de Alagoas, Amazonas, Paraná, Roraima, São Paulo e Sergipe

 

 

A CAIXA inicia, nesta segunda-feira (16), o pagamento dos Programas Bolsa Família e Auxílio Gás dos Brasileiros referentes ao mês de junho. As famílias que recebem seu benefício pelo CAIXA Tem podem movimentar os recursos pelo App. O pagamento do benefício é realizado de acordo com o final do Número de Identificação Social – NIS. Ao todo, cerca de 20,5 milhões de famílias recebem o Bolsa Família e 5,3 milhões serão beneficiadas com o Auxílio Gás.

 

A CAIXA, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, realizará o pagamento do benefício referente ao mês de junho de 2025 no primeiro dia do calendário, independentemente do número do NIS, para beneficiários de alguns municípios dos estados de Alagoas, Amazonas, Paraná, Roraima, São Paulo e Sergipe, em razão de decretos de situação de emergência provocados por condições climáticas.

 

Confira o calendário regular de pagamentos deste mês:

 

Os canais para consulta de informações e movimentação dos valores permanecem os mesmos: App CAIXA Tem, terminais de autoatendimento, Unidades Lotéricas, correspondentes CAIXA Aqui, além das agências da CAIXA.

 

A CAIXA disponibiliza também o Aplicativo Bolsa Família com informações sobre o Programa.

 

Auxílio Gás:

O benefício visa mitigar o impacto do preço do gás de cozinha no orçamento das famílias. Atualmente, cerca de 5,3 milhões de famílias recebem, bimestralmente, 100% do valor da média nacional do botijão de gás de cozinha de 13 quilos. Em junho, o valor será de R$ 108,00.

 

Os pagamentos são realizados de acordo com o final do NIS do beneficiário e seguem o calendário de pagamento do Programa Bolsa Família. As famílias beneficiárias poderão consultar as informações das parcelas nos Aplicativos Bolsa Família, CAIXA Tem, pelo Portal Cidadão ou pelo telefone 111.

 

Como utilizar o benefício:

Os beneficiários podem movimentar os valores preferencialmente pelo App CAIXA Tem, não sendo necessário ir até uma agência para saque do benefício. Os beneficiários também podem utilizar o cartão para realizar compras nos estabelecimentos comerciais por meio da função de débito bem como realizar saques em Unidades Lotéricas, Correspondentes CAIXA Aqui, além das agências da CAIXA.

 

Nos terminais de autoatendimento, o saque pode ser realizado sem cartão com identificação biométrica, cadastrada previamente.

 

Aplicativo CAIXA Tem:

Pelo App CAIXA Tem, é possível realizar compras em supermercados, padarias, farmácias e outros estabelecimentos com o cartão de débito virtual e QR Code, por meio de mais de nove milhões de maquininhas de cartão espalhadas por todo o Brasil.

 

O beneficiário também pode realizar o pagamento de contas de água, luz, telefone, gás e boletos em geral pelo próprio App ou nas Unidades Lotéricas, bem como fazer Pix.

 

Utilizando o App CAIXA Tem, também é possível fazer saques nas Unidades Lotéricas, Correspondentes CAIXA Aqui e terminais de autoatendimento por meio da geração de token diretamente no App.

 

Mais informações sobre o pagamento do Bolsa Família podem ser consultadas no site do banco.

 

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Cerca de 97 mil famílias do Estado de São Paulo podem perder sinal de TV

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Cerca de 97 mil moradores do Estado de São Paulo ainda não procuraram a Siga Antenado para substituir as antenas parabólicas tradicionais pelo modelo digital, e o prazo para agendamento da instalação termina em 30 de junho, às 20h (horário de Brasília). As famílias que não fizerem a troca poderão ter problemas para assistir à TV, já que, em breve, o sinal da parabólica deixará de funcionar.
O agendamento e a instalação gratuita são realizados pela Siga Antenado, entidade não governamental e sem fins lucrativos, criada pela Anatel para apoiar a população na migração da tecnologia. A substituição dos equipamentos é importante porque muitas emissoras já deixaram de transmitir seus canais pelo sinal das parabólicas tradicionais, e outras farão o mesmo em um futuro próximo.

Com a nova parabólica digital, é possível assistir TV com som e imagem de alta qualidade, sem interferências, dando adeus aos chiados e chuviscos. O novo equipamento disponibiliza atualmente mais de 140 canais, com notícias, entretenimento, desenhos, filmes, séries, programas religiosos, programação local e muito mais. Em todo o país, quase 5 milhões de famílias já foram beneficiadas.
Para receber o novo equipamento, é necessário estar inscrito em algum programa social do Governo Federal e possuir uma parabólica tradicional em funcionamento. A instalação é realizada sem custo para as famílias elegíveis. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone 0800 729 2404 ou acessar o site sigaantenado.com.br, informando o CPF ou o Número de Identificação Social (NIS) no momento do atendimento.

Leandro Guerra, presidente da Siga Antenado, destaca que é importante fazer a substituição da parabólica o quanto antes. “O fim da parabólica tradicional já começou, e quem não fizer a troca a tempo ficará sem sinal. A nova parabólica digital tem muitas vantagens em relação à antiga e a família vai perceber uma verdadeira evolução na hora de assistir TV”, afirma Guerra.

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 Cotas para alunos PCDs e salas de regulação sensorial para autistas são aprovadas pela Alesp

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Plenário também aprovou regras de acessibilidade e a autorização para a criação de um centro de atendimento especializado; textos seguem para Executivo, que pode sancionar ou vetar propostas

Parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovaram, em Sessão Extraordinária realizada nesta quarta-feira (11), diferentes projetos de lei em defesa da população com deficiência. Entre as propostas estão a criação de cotas para PCDs em instituições estaduais, equipamentos para autistas e mecanismos de acessibilidade.
As propostas foram aprovadas pela Casa de forma unânime e, agora, seguem para sanção, ou veto, do Executivo.
Cotas para PCDs
Proposto pelas deputadas Clarice Ganem (Podemos) e Andréa Werner (PSB), o Projeto de Lei 1023/2023 busca reservar vagas para pessoas com deficiência em cursos técnicos e em universidades estaduais.
A proposta determina que a instituições reservem vagas em proporção respectiva à população de pessoas com deficiência no estado de São Paulo, de acordo com Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Se sancionado, o projeto determina um prazo de dois anos para a adaptação das instituições estaduais.
“A reserva de vagas é uma política pública eficiente no curto prazo para equilibrar disputas que tradicionalmente se dão entre pessoas em condições desiguais. Infelizmente, as instituições paulistas ainda não tomaram a iniciativa de estabelecer cotas para pessoas com deficiência, de modo que cabe ao Poder Legislativo agir para preencher esse vácuo”, justificaram as autoras.
Salas de regulação sensorial
Projetadas para proporcionar um ambiente calmo e tranquilo, com diferentes estímulos controlados, como luzes e sons suaves, as salas sensoriais para autistas estão contempladas no Projeto de Lei 1612/2023, de autoria da deputada Solange Freitas (União), aprovado nesta noite.
“Estamos pensando nas famílias atípicas e nos autistas que, em momentos de crise, vão ter onde ficar e se acalmar com tranquilidade”, disse a parlamentar. “Quero agradecer à Autistas Brasil, que me ajudou a redigir esse projeto, nessa luta tão importante”, completou Solange.
A proposta busca tornar obrigatória a instalação dessas salas em shoppings, museus e prédios comerciais que tenham a circulação de mais de 2 mil pessoas por dia.
Acessibilidade em hotéis
Também aprovado pelos parlamentares da Alesp, o Projeto de Lei 860/2023, do deputado Barros Munhoz (PSDB), determina a instalação de barras de apoio em banheiros de hotéis, pousadas e hospedarias do estado.

O texto propõe a instalação das barras em 10% do total de boxes para banho destinados à utilização de hóspedes com deficiência ou mobilidade reduzida. “A acessibilidade de pessoas com deficiência, ou pessoas com mobilidade reduzida, como é o caso, também, das pessoas idosas, é essencial no cotidiano de ir e vir das cidades. Qualquer dificuldade que impeça esse direito fundamental, contraria dispositivos constitucionais”, defendeu Munhoz.
Centro de Inclusão
Por fim, o Projeto de Lei 626/2023, de autoria do deputado Rodrigo Moraes (PL), autoriza a criação de um complexo de referência e atendimento especializado para pessoas do espectro autista e com Síndrome de Down.
O equipamento proposto englobaria ações de atendimento psicossocial, médico e inclusão social, além de programas de saúde e educação para o público.

 

Fonte: Assessoria Alesp

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