Todos os dias, a geladeira que fica na calçada da quadra 1 da Rua Homero de Oliveira Ribeiro fica cheia das refeições que são preparadas na cozinha da Flávia Cristina dos Santos, umas das responsáveis pelo projeto.
“Tínhamos montado um ferro velho, uma parte dos catadores são usuários de droga, eles pediam comida e conversando com meu pai, a gente resolveu por uma geladeira no ferro velho mesmo”, conta.
O que tocou o coração do Ronaldo Alves de Lima, o pai da Flávia, foi a necessidade de quem batia na porta dele. “As pessoas tinham a necessidade de se alimentar, a gente começou a pôr comida de casa mesmo para eles. Dormir eles dormem em qualquer lugar, mas alimento não é todo mundo que dá.
Tudo começou com muita dificuldade. Eles tiravam comida de casa para alimentar quem não tinha nem um teto para morar. Em pouco tempo, viram que o número de pessoas que precisava disso, era muito maior do que imaginavam. De cinco, passaram a fazer 20 marmitas por dia.
“No começo era só morador de rua, drogado, alcoólatra, hoje já temos famílias que passam necessidade e se alimentam aqui. São pais, filhos que não tem recurso pra comer e se alimentam graças ao projeto”, explica Ronaldo.
Qualquer pessoa que tem a intenção de ajudar o próximo é muito bem-vinda no projeto. Tudo começou com a ideia de um homem de dar um prato de comida e hoje alimenta dezenas de pessoas que muitas vezes só têm isso pra comer no dia. Mas o principal alimento de cada um deles é o amor.
“Eu faço com amor, é uma coisa que eu gosto, me sinto realizada, está melhorando cada dia mais. O que você escuta das pessoas que comem e estão com fome é gratificante, já escutamos de uma pessoa que não comia fazia 5 dias. É bom fazer parte da mudança da vida de alguém, me sinto abençoada”, declara Flávia.
O morador de rua Ronaldo Miranda Duarte é um dos beneficiados pelo projeto. Muitas vezes, essa é a única refeição do dia e em troca, ajuda no que pode. É isso que faz a corrente do bem girar. “Como eu preciso, muita gente também precisa. Aqui eu pego uma água na geladeira, comida, roupas que preciso e fico muito feliz.”
Ronaldo resolveu ajudar as pessoas que chegavam ao ferro-velho em Bauru pedindo comida (Foto: TV TEM / Reprodução )
A comunidade toda se envolveu e, além de comida, quem precisa pode levar roupas para casa. Todas vêm de doações. “O que a gente precisa também é de voluntários, que é algo que a gente não tem muito, porque o trabalho é grande e não é todo mundo que se disponibiliza a fazer isso. O que a gente precisa é de pessoas para nos ajudar porque o que fazemos não é a troco de nada não é por dinheiro, somente amor. Amor ao próximo”, afirma Romilda de Marins.
Mas para eles ainda é pouco e com a ajuda da comunidade, o projeto pode crescer mais. “A gente queria abrir um banheiro para eles tomarem banho, mas a gente não tem recurso, eles ficam na rua 24 horas, eles têm comida e roupa, mas precisam de banho. O projeto vai crescer, mas a gente precisa de apoio”, afirma Flávia.
No entanto, não importa o tamanho do projeto, o objetivo sempre vai ser aquele lá do início. Essa geladeira sempre vai estar cheia de comida e amor de quem se importa com o próximo.
“Meu objetivo é servir a comunidade, costumo dizer que eu não tenho nada, e o que eu tenho não é meu. O sentimento que mais brota em mim é realização, embora eu não tenha nada, eu sou realizado”, finaliza Ronaldo, o idealizador do projeto.
Ronaldo é um dos beneficiados com o projeto em Bauru (Foto: TV TEM / Reprodução )
Fonte: G1